Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua











Texto de Dr. Lucas Hortêncio

As terapêuticas biológicas dos transtornos mentais podem dividir-se, grosseiramente, em abordagens farmacológicas (químicas) e físicas. As últimas são menos conhecidas, com exceção da eletroconvulsoterapia, embora o conhecimento desta seja em grande parte pelo mau uso da técnica e abusos cometidos no passado.
As limitações dos fármacos atualmente disponíveis, reacenderam nas últimas décadas o interesse por intervenções físicas e constituem um campo atualmente chamado de neuromodulação. Dentre os procedimentos mais recentes encontram-se: Estimulação Cerebral Profunda (ECP), Magnetoconvulsoterapia (MCT), Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) e Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC).
A ETCC é talvez o método mais embrionário dentre os citados, mas nem por isso o menos interessante. Consiste na colocação de dois eletrodos na cabeça do paciente com passagem de uma corrente contínua de baixa intensidade entre os pontos. O posicionamento dos eletrodos e a natureza da corrente levam a ativação ou a inibição de determinada área cerebral e este efeito relaciona-se ao desfecho clínico desejado.
O procedimento é bastante seguro e com baixas taxas de efeitos colaterais sendo os mais comuns irritação cutânea na região dos eletrodos e leve dor de cabeça. Outro benefício é que o aparelho é portável e barato se comparado aos outros artefatos de neuromodulação. Inclusive, já é possível comprar pela internet o aparelho por algumas centenas de dólares em sites de grandes lojas de varejo estrangeiras. O paciente pode, portanto, realizar a sessão na sua própria casa por alguns minutos ao dia.
Atualmente, em termos de transtornos psiquiátricos, a ETCC tem recomendações para depressão e dependência química. Em nosso grupo, há grande interesse no uso da ETCC para os sintomas negativos da esquizofrenia, e.g. embotamento afetivo, abulia, retraimento social, apatia; no entanto, essa indicação ainda encontra-se em estágio de investigação clínica e não tem eficácia validada por grande robustez de evidência.

Referência: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27866120

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