Violência e os quadros psicóticos

Violência e os quadros psicóticos 









A violência não é exclusiva dos doentes mentais, porém não é raro buscar na doença mental a explicação para crimes ou atos violentos, principalmente quando o ato cometido carece de um sentido que nos pareça lógico. 

A ideia de que a doença mental está associada à violência é cultural, traduzida em nossa sociedade através das artes, como novelas e cinema, passada à população através dos meios de comunicação, inclusive por representantes de nações. 


A criminalidade não esta restrita aos doentes mentais e envolve diversos fatores biopsicossociais como: inclusão social, uso de drogas, educação, emprego, entre outros. Contudo, o julgamento apressado e carente de avaliação técnica e científica somente favorece o estigma ao doente mental e assim sua exclusão social. 

Quando se discute violência e saúde mental a associação comum recaí sobre os estados psicóticos, mais comumente a esquizofrenia. A maioria dos esquizofrênicos não é violenta, e os estudos que relacionam atos violentos à doença ainda concluem de maneira diversa, alguns concluem que são menos e outros mais violentos que a população comum.  

Segundo Palomba a violência encontra-se mais relacionada aos esquizofrênicos paranoides, sendo fatores de risco: idade jovem, abuso de substâncias, abandono do tratamento, traço de personalidade antissocial, baixa escolaridade, conflitos familiares. 


Se a incidência da Esquizofrenia na população geral é de aproximadamente 1%, onde a maioria destes indivíduos não é agressiva ou violenta e está sujeita praticamente aos mesmos fatores de risco, o que nos leva a relacionar atos criminosos aos psicóticos?

 São características de atos de grande violência de indivíduos esquizofrênicos a banalidade, a falta de motivo, ausência de remorso, de fuga ou dissimulação, sendo que o ato esta diretamente relacionado  à psicopatologia. Tais atos são chocantes e deixam a população perplexa, permitindo uma associação direta cada vez que um crime do mesmo teor é cometido. 

A avaliação do indivíduo, da manifestação da doença à época do crime, o estabelecimento do nexo da doença e o ato criminoso irão determinar se o ato violento ocorreu por manifestação da doença e se o indivíduo pode ser culpado ou não. 


A complexidade do tema não pode ser banalizada através de declarações midiáticas ou pelo senso comum. A desinformação, o estigma, a exclusão social, a falta de acesso tratamento multidisciplinar e a falta de oportunidades fazem com que a violência que o doente mental sofre seja muito maior do que a que ele pode perpetrar. O conhecimento e a desmistificação são fundamentais para evitar associações premeditadas e estigmatizantes para que o doente mental seja realmente integrado socialmente.

Por: Luiz Felipe Rigonatti

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