Esquizofrenia na Infância




Por Dr. Elder

    O objetivo deste texto é ilustrar brevemente a esquizofrenia de início na infância (EII). Como
já descrito em outras publicações de nossa página, a esquizofrenia é uma doença
psiquiátrica grave que cursa com pensamentos e sentimentos estranhos e comportamentos
incomuns. É uma condição muito rara na infância, sendo difícil de reconhecer em suas
fases iniciais. Define-se EII como uma condição presente antes dos 13 anos de idade, em
pessoas com teste de quociente de inteligência superior a 70 e deve ser descartado
problemas neurológicos graves. O diagnóstico precoce e o tratamento médico são
importantes, uma vez que se trata de uma doença que pode ser controlada, mas não
curada.
     Apesar de sintomas psicóticos estarem presentes em até 5 % das crianças saudáveis, a EII
é uma condição muito rara que ainda carece de dados epidemiológicos consistentes
baseados em avaliações clínicas sistematizadas. Dados americanos apontam para uma
incidência de 0,04%, porém cerca de 90% dos casos referenciados sob suspeita de EII
recebem outro diagnóstico que não esquizofrenia, sendo diagnósticos alternativos mais
frequente transtornos afetivos e transtornos de ansiedade. Alguns aspectos devem ser
valorizados na suspeita e avaliação da EII, como transtornos de linguagem, importância de
obtenção de diversas fontes de informação e observação da interação da criança com sua
família. A pressão das famílias, a gravidade do quadro clínico e as limitações de tempo dos
profissionais da saúde se unem para tornar o diagnóstico de EEI um processo difícil e
repleto de armadilhas.
    Acredita-se que a EEI seja um continuum com a esquizofrenia do adulto, apresentando
características neurológicas e fenomenológicas semelhantes. Porém, a EII representa uma
forma mais severa do distúrbio, com alterações do desenvolvimento mais proeminentes,
anomalias cerebrais e fatores de risco genéticos. Cerca de 67% das crianças com EII
apresentam distúrbios pré-mórbidos nos domínios social, motor e de linguagem, além de
demonstrarem dificuldades de aprendizagem e apresentarem comorbidades de humor ou
ansiedade. Ainda, 27% preencheram os critérios para Transtornos do Espectro Autista
(TEA) antes do início de seus sintomas psicóticos, 55% apresentavam alterações de
linguagem, 57% apresentavam anormalidades motoras e 55% apresentavam
anormalidades sociais vários anos antes do início dos sintomas psicóticos. É válido lembrar
que os critérios para o diagnóstico da EEI de acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico
de Transtornos Mentais 5ª edição (DSM 5) são os mesmo para adultos; para o diagnóstico
comórbido de TEA ou Transtornos da comunicação com EEI é necessário a presença de
delírios e alucinações proeminentes.
    O comportamento de crianças com esquizofrenia pode mudar lentamente ao longo do
tempo. Por exemplo, crianças que costumavam se relacionar com os outros podem
começar a ficar mais tímidas ou retraídas e parecem estar em seu próprio mundo. Às vezes
os jovens começam a falar sobre medos e ideias estranhas. Eles podem começar a dizer
coisas que não fazem sentido. Esses primeiros sintomas e problemas podem ser notados
pelos professores da escola da criança.

Comentários

Postagens mais visitadas