LUTO EM PESSOAS COM DIFICULDADES INTELECTUAIS
Por Dra. Tânia Maria Alves
Pessoas com déficits intelectuais
passam por perdas e enlutam e este pode ser expresso de diversas maneiras –
física, emocional, cognitiva, espiritual e comportamentalmente. Chorar, ficar
em silêncio, irritabilidade, ficar mais reservado, ter dificuldades para
conciliar o sono, ter queixas físicas e comportamento de resistência a mudanças
são comuns.
Dependendo do nível de
dificuldade intelectual, pode apresentar maior ou menor dificuldade para
entender o significado da morte. Eles
podem resistir por mais tempo em aceitar que a morte é uma condição permanente,
perguntando constantemente quando a pessoa que morreu retornará ou quando eles
podem se falar pessoalmente. Algumas vezes suas expressões emocionais são
distorcidas e tornam-se agitados ou nervosos. Outras podem ter um ‘viés
positivo’ como uma disposição para agir e fazer coisas que mascara seu profundo
sentimento de perda. Outros ainda podem ter graves limitações conceituais e na
fala que dificulta serem entendidos em suas necessidades.
É valido reconhecer e legitimar a
perda ao invés de não reconhecer esse luto. Alguns cuidadores são super
protetores e tentam poupar a pessoa com deficiência das dores do luto.
Cuidadores podem ter medo de suas próprias habilidades para lidar com o luto e
com a dor que já é difícil para pessoas hígidas, e evitam lidar com tal
situação de perda.
Pessoas com transtornos mentais
têm as mesmas necessidades que os outros enlutados. Eles, como todos nós,
precisamos de suporte nesse momento. Eles precisam ter suas preocupações
trazidas à luz e suas perguntas, parcialmente respondidas. Eles deveriam ter
oportunidades de participar de funerais e rituais de acordo com seu os costumes
de sua cultura da maneira que lhes forem confortáveis. Isso pode significar que
um horário privado seja reservado para que eles possam assistir a um momento
especial com seus familiares e amigos. Pode significar que eles precisem de um
suporte de pessoas que eles confiam para participar dos rituais de funeral.
Pessoas com transtornos e/ou deficiências mentais, assim como todas as outras
pessoas, devem ser respeitadas em suas escolhas.
Todos os lutos são individuais e
únicos. Nosso luto é uma combinação da relação que desenvolvemos com a pessoa
que morreu associada às nossas características próprias que cada um apresenta
para lidar com as perdas. Todos nós fazemos vínculos e experenciamos perdas seja
qual for a nossa pontuação em um teste de habilidades intelectuais e
funcionamento geral.
Referência
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