Esquizofrenia: uma doença de prevalência baixa, mas de ônus de doença alto





Texto por Dr. Martinus van de Bilt


A quantificação do ônus da doença atribuível à esquizofrenia foi medida pela primeira vez no Estudo da Global Burden of Disease (GBD), realizado pela Organização Mundial da Saúde em 1990, com uma atualização em 2004. Novas reedições recentes do Estudo da GBD, conduzidas pelo Health Metrics and Evaluation Institute (Instituto de Métricas e  Avaliação em Saúde)  da Universidade de Washington, ampliou o número de transtornos incluídos e fez melhorias metodológicas significativas. A reedição mais recente é o GBD 2016.
A principal métrica  usada para medir o ônus de doença no GBD é o ano de vida ajustado por incapacidade (Disability Adjusted Life Year - DALY). Um DALY é equivalente a 1 ano de vida saudável perdido para uma doença. O DALY é calculado somando os anos de vida vividos com incapacidade (Years of Life lived with Disability - YLDs) e anos de vida perdidos (Years of Life Lost - YLLs) devido à mortalidade prematura para uma dada doença. A inclusão de incapacidade ao medir o ônus de doença tem sido particularmente influente em destacar a esquizofrenia como um dos principais contribuintes para o ônus da doença.
 Apesar de ser um transtorno de baixa prevalência, a esquizofrenia foi o  12º transtorno mais incapacitante entre 310 doenças e lesões em todo o mundo em 2016.
A revisão sistemática baseada em estudos de desfecho mostrou que se recuperam apenas 13,5% dos portadores do transtorno.
Inovações em modelos estatísticos no GBD 2016 viabilizaram estimativas para a esquizofrenia por idade, gênero, geografia e ano.
Isso permitiu que se investigasse:
·         como as mudanças no crescimento populacional e o envelhecimento impactaram na epidemiologia da esquizofrenia ao longo do tempo.
·         Como o ônus da esquizofrenia varia de acordo com a geografia e o status de desenvolvimento sócio-econômico

A prevalência global da esquizofrenia foi estimada em 0,28%.
A figura abaixo ilustra as taxas de prevalência por idade, mostrando que:
·         Ao contrário de anteriormente sugerido, não há diferenças de prevalência entre os sexos
·         Há um aumento na prevalência no início da adolescência e um pico ao redor dos 40 anos 

Globalmente, houve um aumento dos casos de cerca de 13,1 milhões em 1990 para cerca de 20,9 milhões de casos em 2016.
·         70,8% (ou 14,8 milhões) desses casos ocorreram no Faixa etária de 25 a 54 anos.
·         O leste e o sul da Ásia respondem pelo maior número de casos, aproximadamente 7,2 milhões e 4,0 (milhões, respectivamente em 2016 (figura abaixo)
·         O leste da Ásia experimentou o maior aumento absoluto nos casos prevalentes, de aproximadamente 4,9 milhões de casos em 1990 para 7,2 milhões de casos em 2016.
·         Os maiores aumentos percentuais no período de 1990 a 2016 ocorreram na África Subsaariana Oriental (126%) e Norte da África / Oriente Médio (128%). Estes aumentos foram atribuíveis ao crescimento populacional significativo durante este período.

Conclusões:
·         21 milhões de pessoas estão vivendo com esquizofrenia, globalmente
·          Este número deverá continuar a aumentar com o envelhecimento da população e o crescimento da população
·         Melhorias na nutrição, na saúde reprodutiva e no controle de doenças transmissíveis resultaram em mudanças demográficas significativas, causando um aumento na contribuição relativa de doenças não transmissíveis para o ônus  global de doenças.
·          Isso leva a um aumento no ônus dos transtornos mentais, incluindo esquizofrenia.
·          A maioria dessas pessoas vive em países de baixa e média renda
·          Os sistemas de saúde em países de baixa e média renda precisam se preparar para este aumento, mas as intervenções baseadas em evidências existentes têm sido mal implementadas, com apenas 31% das pessoas com esquizofrenia acessando tratamento em países de baixa e média renda, onde a lacuna do tratamento de distúrbios é de 89%
·         Isso exige uma ampliação urgente dos serviços para responder a distúrbios mentais graves, como a esquizofrenia.
Maiores informações:
 Global Epidemiology and Burden of Schizophrenia: Findings From the Global Burden of Disease Study 2016. Schizophr Bull. 2018 May 12. doi: 10.1093/schbul/sby058.
The global burden of disease in 1990: summary results, sensitivity analysis and future directions. Bull World Health Organ. 1994; 72(3): 495–509


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