Maconha e Psicose




Texto de Luiz Felipe Rogonati

A proposta desta semana é voltar o olhar para o uso de maconha e seu impacto nos quadros psicóticos. 
As novas políticas de descriminalização e legalização da maconha que ocorrem em diversos países pode gerar o entendimento de seu uso não trazer danos ou prejuízos. 
A etiologia multifatorial dos quadros psicóticos envolve vulnerabilidade genética mas também fatores de risco ambientais. Como fatores ambientais estuda-se complicações pré-natais, traumas na infância, urbanicidade, eventos estressores e também o uso de maconha. 
Estudos recentes evidenciam uma relação entre o uso da maconha e o risco de esquizofrenia, e sugerem uma relação entre a quantidade de consumo e risco de psicose, risco que aumenta com a exposição prolongada à cannabis. 
Indivíduos esquizofrênicos com relato de uso de maconha também apresentam menor aderência ao tratamento, maior número de internações e durações mais longas das internações. 
Estudos de imagem indicam que a densidade da massa cinzenta em indivíduos esquizofrênicos com exposição a maconha na adolescência não difere significativamente de controles saudáveis. Tal resultado levou a duas hipóteses: uma que são indivíduos com menor risco para o desenvolvimento da doença e a cannabis seria fator determinante para o desencadeamento de sintomas; outra que a maconha pode ter efeito protetor na estrutura cerebral. 
Enquanto os impactos clínicos já mostram-se claros, as alterações neurobiológicas ainda carecem de aprofundamentos em seus estudos e pesquisa, sendo que os resultados ainda divergentes podem ser explicados por tamanho das amostras  ou por diferentes metodologias utilizadas. 
Sendo uma substancia cada vez mais acessível, novas pesquisas são fundamentais para entender o efeito da cannabis na neurobiologia dos quadros psicóticos.
Cabe aos profissionais de saúde orientar sobre o uso e seus possíveis riscos para pacientes e seus familiares, de forma não discriminatória ou estigmatizante. 

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