Poluição do ar e sintomas psicóticos

Dr. Lucas Hortêncio


Há várias décadas, a associação entre residir em áreas urbanas e risco para desenvolvimento de sintomas e transtornos mentais é bem estabelecida. O nexo é válido tanto para transtornos mentais comuns, de estruturação neurótica, como depressão e ansiedade, quanto para transtornos psicóticos como a Esquizofrenia.

Em estudo publicado na última semana no respeitado periódico JAMA Psychiatry, uma equipe de pesquisadores do King’s College de Londres levou a um grande avanço no entendimento da citada relação.

A partir de uma coorte de adolescentes, avaliados desde o nascimento até os 18 anos de idade, os autores do estudo conseguiram demonstrar uma relação positiva entre maiores níveis acumulados de exposição a poluição do ar e risco para desenvolvimento de sintomas psicóticos. Especificamente, avaliou-se a influência da exposição a óxidos de nitrogênio e micropartículas no ar.

Ainda que bastante relevante, a relação entre poluição do ar e desenvolvimento de sintomas psicóticos não foi capaz de justificar completamente a relação entre urbanidade e o aparecimento de tais manifestações mentais. Outros fatores tem influência e foram identificados como moduladores tais como: níveis socioeconômico familiar e da vizinhança, presença de sintomas psicóticos na infância e nível de urbanidade.

A influência no padrão humano de ocupação de espaço sobre a saúde pública é um dos grandes fatores de interesse com as rápidas mudanças da sociedade contemporânea e será espaço para grandes avanços nas próximas décadas.